sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

FESTIVAL TRIÂNGULO: Paragens e registros

MATÉRIA RETIRADO DO IDANÇA.

Mesmo que o ano esteja findando e fala-se mais em projeto futuros do que revisões, faço aqui um registro em torno do Festival do Triângulo, realizado de 27 de outubro a 02 de novembro, em Uberlândia, que chegou à sua 23ª edição. Desta vez, o encontro que mobilizou grupos amadores e formações profissionais foi organizado em torno do tema Partilhas na dança – Criação, Visibilidade, Resistência. Na programação, mostra infantil, mostra amadora, mostra profissional, residências. Desta vez, sem patrocinador, a Secretaria de Cultura do município bancou o festival, que teve orçamento acima dos R$ 400 mil.

Criar, tornar viável, resistir. Ações profundamente importantes para a dança brasileira acionaram as partilhas do Seminário Pedagógico e do Fórum de Debates coordenados pela bailarina e pesquisadora Marila Vellozo. Entre os encontros para conversar com os artistas, que tiveram participação dos especialistas Edy Wilson, Fábio Dornas e Gabriela Christófaro, e os eixos temáticos com importantes registros a se fazer. São recortes, memórias, mas ainda assim, pertinentes.

Marila apresentou um amplo e elucidativo panorama sobre a conjuntura e os contextos possíveis para a economia da dança. Insistiu nas condições de existência, nos ambientes, situações, demandas e ideias (replicadas inclusive) para a conjuntura brasileira. Debateu modelos como os das companhias estatais e alertou sobre a necessidade de ocupação de espaços pelo setor nos devidos colegiados, fóruns representativos e no Plano Nacional da Dança.

Com presença vigorosa e irrequieta, a mineira Dudude Hermann personifica a resistência. Vem de uma formação em grupos e companhias, mas fortalecida por ações individuais, atualmente aposta no que diz ser a “dramaturgia do pequeno”, pois não quer se transformar num CNPJ. Manifestou isso no palco, em A Projetista, integrante da Mostra Profissional, e em suas intervenções. Falou de farejamento, disse que professa verdades temporárias. Quer improvisar para sobreviver. Aposta em tecidos afetivos, cooperação, colaboração, microeconomia. Faz, à sua maneira, mineiramente, subversões criativas. Ironizou: “a arte não salva ninguém, mas uma bolsa salva”, “o artista não tem projeto, precisa existir”.

No encontro com a bailarina, professora e pesquisadora Lenira Rengel, que analisou a Mostra Infantil, lições de delicadeza com as crianças. Ela alertou para a não imposição de partituras estranhas ao corpos em formação e falou sobre o perigo dessas práticas, dos figurinos e trilhas musicais que promovem a erotização precoce às meninas e meninos inseridos no universo da dança. Lenira sugeriu ações de inserção, educativas, lúdicas. Propôs distensão de conceitos para dinamizar possibilidades de formação com a dança.

Na fala de Andréa Bardawill, o reforço da construção de espaços de convivência, tal qual o Festival do Triângulo e muitos outros pelo Brasil exercitam. Nesse sentido, ela defende, também, a construção de uma rede de afetos, possibilidades de construção de modos de convivência e de organização – “um mundo de existência possível para a dança”. Para tanto, fundamental é pensar em novas relações de gestão, saber o que eles (os investidores e gestores) querem ouvir e o que a gente quer falar. Os formatos podem ser diversificados, atentos a políticas e contextos, com curadorias e coordenações pedagógicas específicas.

Figura com articulação em festivais, mostras e bienais, Andréa tocou numa questão que perpassou diferentes falas em diferentes momentos, o formato competitivo. Nesse aspecto, ela frisou que um festival pode não ser competitivo, mas, em nada adianta, se continuarmos a ensinar e praticar a dança de forma competitiva.

Por isso, é preciso ser competente para não competir. Em recorrentes momentos, o tema da competição em festivais foi explicitado ou percorria as falas subliminarmente. Muitas vezes, artistas e grupos falavam da importância de estar no festival, de ser visível, de ser alguém através dele. Claro que há nisso um aspecto sobre a eficiência e a competência dessa história construída em 23 edições. O Festival do Triângulo é, sim, um instrumento de afirmação artístico-cultural da cidadania. Ela se vê orgulhosa, vestindo roupa especial, sendo aplaudida e aplaudindo seus pares no ginásio Sabiazinho.

Mas é preciso ir além. É importante relembrar que muita gente saudou a decisão pela não competição, estabelecida há uma década. Falam sobre a troca de gentileza, do pegar junto na hora de preparar a entrada no palco, nas permutas e intercâmbios de fazeres artísticos, na reorganização de seus fazeres a partir do contato com grupos daqui, da região, de outros Estados e mesmo países. São muitas as angulações deste Triângulo.

As competências são construídas de muitas maneiras. Nas apresentações, nas conversas dos fóruns e seminários, nos retornos dados por especialistas a bailarinos e coreógrafos. Elas também se organizam através da construção de redes de parcerias, de apoios, na forma de ocupar espaços de representatividade, na reinvenção constante dos procedimentos artísticos. A capacidade de ser competente é, também, a capacidade de saber fazer autocrítica, de reorganizar um contexto de atuação, um grupo e seus integrantes, as escolhas artísticas e estéticas.

A eficiência que compete a muitos teve recortes pontuais, relatos. Na mesa formada por Vanilton Lakka, Wesley da Rocha e Fernanda Beviláqua, por exemplo. Lakka contou como se vale de muitos contatos para construir a sua existência artística. São relações com instituições formais, coletivos artísticos e mesmo curadores. Assim, mantém-se em circulação pelo Brasil, América latina e Europa. Rocha, o Chocolate, falou da sua afirmação como artista e cidadão através da dança de rua. Isso o fez circular pelo mundo e, ao mesmo tempo, manter contato com sua comunidade, onde segue atuando. Fernanda explanou o modelo de articulação comunitária que possibilitou a criação do Olhares Sobre o Corpo, encontro anual que traz a Uberlândia grupos, coreógrafos, criadores e especialistas.

A produtora paulista Solange Borelli falou sobre articulações possíveis nas esferas públicas e privadas. Defendeu a necessidade de estabelecer diálogos e vínculos “com nossos pares e nossos ímpares”. Sábia metáfora, pois, como se falou nos fóruns, quem se apresenta é visto, mas também vê os demais. Nesse trânsito, fortalece seu repertório, podendo enriquecer seus procedimentos e produtos artísticos. Novamente uma questão de competência e não de competitividade.

Na explanação da produtora, a rubrica sobre a importância de não ter medo da palavra mercado. Isso, no contexto dos encontros possibilitados pelo festival, significa apostar na economia da dança sabendo, principalmente, acreditar no produto que se tem, na arte que se faz. Claro, a dança tem um tipo de organização específica. E é, preciso, sobretudo, articulações qualificadas. Para que isso aconteça, é bom que existam leis, projetos, editais. E é fundamental ser competente o suficiente para entender estes mecanismos e a forma de se apropriar deles.

Mostra profissional

Na programação da Mostra Profissional do Festival do Triângulo, a paisagem urbana é surpreendida por procedimentos de dança, reorganizando seu contexto. Contundente, agressiva pelos materiais e pelo impacto das ações dos quatro integrantes do grupo uberlandense Strondum, Carcaça 2 tem o mérito de não deixar os passantes sem alguma reação. Claro que o estranhamento é a primeira delas. Mas, depois disso, o público topa o jogo coreográfico.
De quais carcaças fala o grupo? Dos corpos humanos mortificados diante do contexto urbano e contemporâneo, da agressividade e da solidão em bandos, do impacto disso nos entornos das aglomerações humanas. Há um evidente discurso político amparado por uma opção estética. Ela se constrói entre socos, saltos, mortais, pontapés, murros. Mas, ao mesmo tempo, o impacto e o ruído dessas ações ganha nuances delicadas, com intervalos em que o objeto cênico (uma carcaça de carro corroída) vira contexto para um refreamento das potentes ações do quarteto. A praça vira, também, um palco de coreografias coletivas.
Nesta segunda versão em torno do mesmo projeto, o Stromdum insere pessoas do público dentro da tal carcaça. Aposta ainda mais no impacto/diálogo, ao mesmo tempo em que reinventa sua ação. A linguagem corporal construída tem a propriedade do vigor e da habilidade de enfrentar os riscos. Talvez, por isso, há tamanha sintonia com quem os assiste: viver em tempos de violência (de muitas ordens, inclusive políticas, estéticas, econômicas e sociais) é um desafio diuturno.

Na performance Arma Ação, Luana Magrela intervém de forma discreta no espaço público. Mas, uma vez percebida, tem a habilidade de atrair para si os olhares. O esgarçamento da relação tempo/espaço, a possibilidade de borrar a paisagem cotidiana, a inserção de um corpo dançante neste contexto, aciona compartimentos da sensibilidade.

Na atividade realizada na Praça Rui Barbosa, a personagem/performer despertou curiosidade de uns e, também, desdém de outros. Desacelerou o caminho daquele vendedor que saíra da loja, fazendo-o entortar mais de uma vez a cabeça. Refez minimamente o caminho do observador, reinventou trânsitos, reverteu em pensamento a ação corporal.

Dado na composição da personagem, impossível não perceber o figurino algo agressivo que aperta o corpo vestido em vermelho que, a princípio, surge coberto por um fino tecido. Os cabelos também são usados para ocultar a face (a identidade?!) da intérprete. Naquele corpo que enverga uma espécie de corpete feito com peças plásticas e complementado por ferros e fios, que chegam à face numa “focinheira” igualmente metálica há a construção, explicitação, de algum sofrimento. Ou, num viés contrário, uma denuncia pública sobre dores do feminino. São possibilidades de olhar para/lidar com aquilo que pinta a paisagem também pelo viés do inusitado.

Na ação/percurso de Luana Magrela, as instâncias estéticas que aproximam dança, performance e artes plásticas saúdam a transversalidade da arte contemporânea. E, ao mesmo tempo, aproximam o público (iniciado ou não) das muitas possibilidades de partilhas estéticas.
A programação teve ainda Anfíbios, de Ricardo Alvarenga. Significativamente com seu nome no plural, o trabalho é construído a partir da singularidade do procedimento performático de Alvarenga. A nudez é, evidentemente, um dos vetores que envergam a atuação. Mas não o único.

Claro que a proposta dramatúrgica se banha num misto de ousadia e irreverência ao falar também de gênero. Afinal, há um corpo masculino, nu, que se posiciona das mais diferentes maneiras em cena, revelando-se em distintas angulações. De frente ao que posa ser uma afronta, o intérprete minimiza essa possibilidade determinando-se a passear pela cena, com sua fraqueira-aquário.

Aliás, Alvarenga demonstra segurança e metódica habilidade em ligar com seus materiais de criação. De ponta cabeça, respirando dentro d’água com ajuda de um tubo, ele administra a cena e potencializa seu significado. Reverte a posição, subverte o jogo, distendendo o tempo de suas cenas, encharcando seu discurso estético nas águas da performance.

O líquido seminal, á água da origem, aquilo que o intérprete impulsiona com os cabelos para molhar o espaço cênico deságua em outras imagens. Depois da água lustral, que batiza Anfíbios de muitas possibilidades estéticas, há de se aguardar para onde tais procedimentos serão encaminhados. A correnteza fluída das subjetividades construídas até aqui assim permite.

Entre Paragens, entre vãos, entre discursos. Solene e sensorial, ritualístico, o trabalho do bailarino Daniel Santos Costa enverga procedimentos do teatro e da dança. Busca romper com a linearidade, distendendo o tempo, faz alegorias a personagens folclóricos, percorre caminhos do popular, mas fecha seu discurso com um quê de hermetismo erudito.

As trilhas da atuação do intérprete-criador formado na Unicamp são de preciosa corporalidade. Há uma visível e dedicada determinação de construção de partituras coreográficas na movimentação do intérprete. Seus recursos de máscara, figurino e mesmo as soluções cenográficas como o tapete/manto e o biombo estão a serviço da(s) criatura(s) que ele constrói no trabalho. Nesse trânsito, o trabalho ora joga com o lirismo e a delicadeza, ora com o abjeto e o tosco, numa invocação de transes, num trânsito de estados.

Claro que existem memórias cênico-sensoriais ritualizadas em cada movimentação. Não à toa, são sete as pedras que usa. O mesmo pode ser entendido quando faz citação da cruz de Jesus, ícone de expiação, culpa, dor, desencanto, quiçá redenção. Invoca também cantigas, parecendo querer ajustar contas com o boi da cara preta que povoou sua imaginação infantil. Deposita sobre tudo isso uma flor, reverencia as camadas e mais camadas de referências e significações que estão nos entre-lugares disso tudo.

Nestas elipses imagéticas, trilha Entre Paragens um percurso potente, que alude a estados de inquietação. Sofrem personagens e plateia no eco dessa encenação, nas reverberações da obra, nos desvãos das sensações produzidas pelo friccionar dessa estética. Deleitam-se, também, ambos, diante da riqueza do que se experimenta com o trabalho. O resto descobre-se nas frestas disso tudo.

Fôlego da terra

Coordenado pelo coreógrafo e pesquisador Dickson Du-Arte, o Terra Cota Dança Afrocontemporânea é um grupo que tem se destacado na cena de Uberlândia. Apostando na pesquisa e buscando conexões entre a capoeira, dança contemporânea, dança de rua e danças afro-brasileiras, o grupo tem elaborado um caminho próprio, tateando uma autoria e um pensamento para a sua dança. Nesta edição do festival, mostrou eficiência mais uma vez, agora com a obra Águas de Cheiro – Terras e Memórias.

Alguns dos integrantes do Terra Cota participaram da residência artística que Rui Moreira desenvolveu com intérpretes de Uberlândia. O resultado foi uma remontagem de Homens, montada originalmente em 2004, com a Cia Será Q., de Belo Horizonte.

O trabalho foi exemplo de preciosa capacidade de articular informações, desafiar corpos e reorganizar partituras de dança em novos contextos. O conceito de coreógrafo DJ foi exercitado com maestria por Moreira, que participou da apresentação. E é contundente a presença de Rui Moreira em cena. Ele enverga a dança. Elabora com o corpo muitos olhares. Sabe criticar, sabe ser irreverente. E sabe, acima de tudo, comover. O verbo se faz carne, corporificado nas muitas alegorias do trabalho

Mas esta remontagem de Homens ampliou as contaminações e replicações elaboradas pelo corpo contemporâneo que dança. O trabalho de Rui e seus oficineiros explorou contatos, tendo frente e fundo, tendo lapidações. No jogo de espelhos, ampliou espaços cênicos e corporais alargando as variações e os vértices deles, polidimensionando a dança que se viu. É como se o movimento começasse num corpo e terminasse no terceiro ou quarto, alinhado e unido, repercutido.

O diálogo de linguagens foi vigoroso e delicado. Um duo múltiplo entre b boys que, depois de uma batalha tênue e delicada, descansam seus corpos sobre novas compreensões de arte. Que a luta cotidiana lhes seja leve, que a dança enleve suas carcaças! Numa genuflexão silenciosa, é como se alguém soprasse aos seus ouvidos: que a terra lhe seja breve, que eu te ampare e você amplie meus horizontes no mundo.

Feito um dervixe malemolente num repente, Rui Moreira desatou nós da dança de seus intérpretes, dando-lhes corda para tecer novas redes. Lançou ao público sua trama de alegorias e elegias. Fortaleceu, redimensionou e ressignificou aquilo que reverenciamos como dança contemporânea brasileira. Tocados pelo que vimos no palco em estado pleno, revisitamos a reinvenção do humano no mundo. Assim, registramos na memória corporal o tanto de imagens e movimentos triangulados, multiplicados e partilhados pelo Festival de Uberlândia.

Carlinhos Santos é historiador, jornalista, crítico de dança, especialista em Corpo e Cultura: Ensino e Criação pela Universidade de Caxias do Sul e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação (UCS). Também é titular da coluna 3por4, do Jornal Pioneiro, em Caxias do Sul, RS.

# Siga o idança no twitter.

III Conferência Municipal de Cultura: para o governo federal ver

MATÉRIA RETIRDO DO BLOG DO SOYLOCOPORTI.

Com formato que não favorece o debate das políticas municipais de cultura, conferência será realizada no final do ano para cumprir tabela. Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná convida para Conferência Livre preparatória.

Só pela data em que ocorrerá, 17 e 18 de dezembro, a III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba já poderia ser questionada. Mas há outros agravantes: os eixos de discussão propostos são focados nos produtos, esvaziando o debate político; participantes não-inscritos não têm direito a voz; e o relato da II edição da Conferência, realizada em 2009, não consta entre os textos de apoio disponibilizados pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) na página eletrônica do evento, e o mais grave, o documento não existia até então em nenhum outro espaço virtual.

A realização de conferências municipais a cada dois anos é prerrogativa para que o município faça parte do Sistema Nacional de Cultura – e receba verbas do governo federal. Esse parece ser o único motivo que leva a FCC a realizar a Conferência, sendo o debate político aparentemente uma pedra no sapato a ser evitada ao máximo pela Fundação. Pelos eixos propostos, dá para perceber o quão difícil será discutir políticas públicas de fato – eles são voltados para os produtos, de maneira tecnicista, de modo a blindar o debate político.

Inscreva-se e informe-se sobre a III Conferência Municipal de Cultura de Curitibahttp://cmc2011.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/, e participe da Conferência Livre, quinta-feira (15) às 18h30 na rua Visconde de Nácar 1388, conjunto 12.

Diretrizes temáticas

Os eixos estabelecidos para essa Conferência são: I) Patrimônio Cultural e Natural; II) Design e Serviços Criativos; III) Artes Visuais e Artesanato; IV) Livros e Periódicos; V) Audiovisual e Mídias Interativas; e VI) Espetáculos e Celebrações. Agora compare com os eixos da Conferência anterior, que aderiu às sugestões nacionais: I) Produção Simbólica e Diversidade Cultural; II) Cultura, Cidade e Cidadania; III) Cultura e Desenvolvimento Sustentável; IV) Cultura e Economia Criativa; e V) Gestão e Institucionalidade da Cultura. A partir dos eixos de 2009, conseguimos construir propostas e travar o debate. Aparentemente, isso não é desejável – ao menos é o que as escolhas dos temas dessa conferência dão a entender.

Contraditoriamente, dois dos objetivos da III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba, que constam no regimento, são:

I – Discutir a cultura com ênfase na construção de políticas transversais em nível local, regional e nacional, nos seus aspectos da memória, de produção simbólica, da gestão, da participação social e da plena cidadania;

VIII – Apresentar sugestões para a elaboração, implementação e acompanhamento do Plano Municipal de Cultura e recomendar metodologias de participação, diretrizes e conceitos para subsidiar a sua elaboração.

Voz ao povo

Na conferência passada, o regulamento não previa poder der voz aos participantes, somente por escrito. Por pressão do setor não-governamental, conseguimos reverter esse item do regimento na aprovação do mesmo, primeira etapa dos trabalhos da conferência. Esse ano o regimento prevê poder de voz e voto aos participantes, contudo os não-inscritos não têm poder a voz. Por quê? Qual a justificativa para negar a um cidadão, qualquer que seja, o direito de emitir sua opinião num espaço de construção de políticas públicas?

Sem memória

Outro ponto complicado é que entre os documentos de referência do evento, não está o relato da II Conferência Municipal de Cultura, realizada em 2009. Aliás, ele não está em nenhum lugar na internet, nem no site da FCC. Sorte que Yuki Dói, do Fórum de Dança de Curitiba, conseguiu uma cópia física como membro suplente do Conselho Municipal de Cultura, a qual escaneamos e disponibilizamos – http://issuu.com/soylocoporti/docs/conferencia_munic_2009_relatorio. Isso desvaloriza o trabalho da própria FCC, assim como o sentido da Conferência. Ou trata-se de um descuido imenso com a memória pública ou de fato não há interesse em dar continuidade, em aprofundar a construção coletiva.

Encontro preparatório

Em 2009, no processo de preparação da II Conferência, surgiu o Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná, que aglutina entidades não-governamentais em prol da democratização da cultura. O Movimento atuou na II Conferência, de modo a apresentar propostas elaboradas conjuntamente que representem pontos de vista que não os da FCC – sendo que um dos principais elementos do exercício da democracia é a manifestação da pluralidade e o confronto de ideias.

Por isso, convidamos a debater e elaborar propostas coletivas – com apenas 20 pessoas, a reunião já passa a ser considerada Conferência Livre, e assim poderemos enviar propostas diretamente para a Conferências Municipal. Participe!

Conferência Livre de Cultura de Curitiba

15/12 às 18h30 (2a chamada – 19h)
Rua Visconde de Nácar, 1388 conjunto 12

Realização:
Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná
Associação dos Compositores
Coletivo Soylocoporti
Fórum de Dança de Curitiba
Secretaria de Cultura PT-PR

Apoio: Membros dos Colegiados Setoriais e do CNPC de Música, Dança, Teatro, Culturas Populares, Artes Visuais e Literatura.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Forum de dança de Curitiba na Conferência Livre de Cultura de Curitiba que aconteceu no dia 17 de Dezembro de 2011

RETIRADO DO SITE DO PT PARANÁ:

Movimentos artísticos e culturais realizam Conferência Livre de Cultura de Curitiba nesta quinta

PT Paraná

A III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba ocorre neste fim de semana com o tema “Políticas Públicas para a Cultura e Economia Criativa”, realizado pela Fundação Cultural de Curitiba. No entanto, movimentos artísticos e culturais organizam uma etapa preparatória ao evento na quinta-feira (15).

A Conferência Livre de Cultura de Curitiba será às 18h30 e é organizado pela Secretaria de Cultura do PT/PR, Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná, Associação dos Compositores, Coletivo Soylocoporti e Fórum de Dança de Curitiba.

O evento também conta com o apoio dos membros dos Colegiados Setoriais e do Conselho Nacional de Política Cultural de Música, Dança, Teatro, Culturas Populares, Artes Visuais e Literatura.

O secretário estadual de Cultura do PT Paraná, Thiago Douglas Moreira, convida todos para a Conferência Livre de Cultura, para o desenvolvimento de articulação e cobrança do Poder Público de uma outra Cultura.

Segundo o secretário, a conferência organizada pela Fundação Cultural de Curitiba, que deveria ser um espaço de interlocução com a sociedade civil para a construção da Gestão Municipal de Cultura, será realizada “apenas para cumprir com a lei que estabelece sua realização bienal”.

Veja as resoluções da última Conferência Municipal de Cultura, que não foram disponibilizadas pela prefeitura. http://issuu.com/soylocoporti/docs/conferencia_munic_2009_relatorio

Site da III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba: http://cmc2011.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/

Serviço:

Conferência Livre de Cultura de Curitiba

15/12 às 18h30 (2ª chamada – 19h)

Associação dos Compositores - Rua Visconde de Nácar, 1388 conjunto 12 .

Confirme sua presença no Facebook: http://www.facebook.com/events/126702430776821/

Renovação do colegiado setorial de dança para Abril de 2012

Deixo postado o e-mail que recebi da Marila Velloso no dia 7 de dezembro de 2011, pois é um assunto importante. att. Yiuki

Olá pessoal! como estão?
escrevo porque a Rosa Coimbra, nossa representante no CNPC, precisa retornar a este órgão com informações sobre como pensamos nos critérios para a renovação do Colegiado para ano que vem.
Esta gestão finda em 06 de abril e acreditamos que eles pretendem fazer um forum ou assembleia setorial no inicio do ano.
Já solicitamos - nosso colegiado - por representação por estado mas está meio claro que eles não irão aumentar o numeros de representantes. EStes ficarão em 15, à principio.
Deste modo pensem se entendem pertinente a manutenção de 05 reprsentantes por região, 05 pela produção, 05 pela criação e 05 pela formação.
Vejam se voces entendem necessário selecionar alguns critérios sobre quem poderia se candidatar em nossos estados e depois como membro de colegiado. Entendo em um primeiro momento, que estas escolhas devem ser feitas pelas pessoas e organziações de cada localidade, pois escolheremos primeiramente em nossos estados. Depois, serão escolhidos por estes selecionados nos estados, a nova gestão do colegiado, provavelmten em brasília.
Alguns atuais representantes, entendem que podemos tentar acordar em manter uma certa porcentagem de membros que já estavam e uma porcentagem maior de membros novos na renovação. Particularmente, mesmo entendendo que é bacana ter pessoas que estão mais próximas às questões, não acredito que seja necessário priorizar por porcentagem quantos ficam e quantos entram. Acredito que quando reunidos, os interessados estarão demonstrando interesse e estarão também entrando em acordo sobre critérios e passando por votação como ocorreu da ultima vez.
Manifesto que não serei candidata a permanecer por outra gestão como representante pela Região - inclusive porque este foi um critério levantado pelo grupo de delegados do paraná, na ocasião: que outras pessoas pudessem ocupar espaços de representação para haver troca de experiência e de perfis de representantividade. 

vamos nos falando. Devemos retornar tão logo possível.
abraços e até,
Marila Velloso
marilaemovimento@hotmail.com
http://www.emove.com.br

Colegas de Região Sul Dança:

a Lígia de Santa Catarina me alertou sobre uma informação que enviei no ultimo email, equivocadamente, sobre o numero de representantes do Colegiado Setoiral de Dança:

atualmente, a composição - que provavelmente será mantida para a próxima gestão - é de:

05 representantes (um por cada Região do País)
03 representantes pelo eixo produção
03 representantes pelo eixo criação
03 representantes pelo eixo formação
e o 15o representante, da última vez, foi selecionado pelo critério de ser alguém do colegiado anterior. acredito que o critério para este 15o representante pode ser repensado conforme o grupo que estiver em Brasília para 2012.

e o mesmo número de suplentes (15) subdivididos nas mesmas categorias ou eixos.
abraços e qquer coisa avisem,

III Conferência Municipal de Cultura (17 e 18 de dez 2011): para o governo federal ver

Com formato que não favorece o debate das políticas municipais de cultura, conferência será realizada no final do ano para cumprir tabela. Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná convida para Conferência Livre preparatória.

Só pela data em que ocorrerá, 17 e 18 de dezembro, a III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba já poderia ser questionada. Mas há outros agravantes: os eixos de discussão propostos são focados nos produtos, esvaziando o debate político; participantes não-inscritos não têm direito a voz; e o relato da II edição da Conferência, realizada em 2009, não consta entre os textos de apoio disponibilizados pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) na página eletrônica do evento, e o mais grave, o documento não existia até então em nenhum outro espaço virtual.

A realização de conferências municipais a cada dois anos é prerrogativa para que o município faça parte do Sistema Nacional de Cultura – e receba verbas do governo federal. Esse parece ser o único motivo que leva a FCC a realizar a Conferência, sendo o debate político aparentemente uma pedra no sapato a ser evitada ao máximo pela Fundação. Pelos eixos propostos, dá para perceber o quão difícil será discutir políticas públicas de fato – eles são voltados para os produtos, de maneira tecnicista, de modo a blindar o debate político.

Inscreva-se e informe-se sobre a III Conferência Municipal de Cultura de Curitibahttp://cmc2011.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/, e participe da Conferência Livre, quinta-feira (15) às 18h30 na rua Visconde de Nácar 1388, conjunto 12.

Diretrizes temáticas

Os eixos estabelecidos para essa Conferência são: I) Patrimônio Cultural e Natural; II) Design e Serviços Criativos; III) Artes Visuais e Artesanato; IV) Livros e Periódicos; V) Audiovisual e Mídias Interativas; e VI) Espetáculos e Celebrações. Agora compare com os eixos da Conferência anterior, que aderiu às sugestões nacionais: I) Produção Simbólica e Diversidade Cultural; II) Cultura, Cidade e Cidadania; III) Cultura e Desenvolvimento Sustentável; IV) Cultura e Economia Criativa; e V) Gestão e Institucionalidade da Cultura. A partir dos eixos de 2009, conseguimos construir propostas e travar o debate. Aparentemente, isso não é desejável – ao menos é o que as escolhas dos temas dessa conferência dão a entender.

Contraditoriamente, dois dos objetivos da III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba, que constam no regimento, são:

I – Discutir a cultura com ênfase na construção de políticas transversais em nível local, regional e nacional, nos seus aspectos da memória, de produção simbólica, da gestão, da participação social e da plena cidadania;

VIII – Apresentar sugestões para a elaboração, implementação e acompanhamento do Plano Municipal de Cultura e recomendar metodologias de participação, diretrizes e conceitos para subsidiar a sua elaboração.

Voz ao povo

Na conferência passada, o regulamento não previa poder der voz aos participantes, somente por escrito. Por pressão do setor não-governamental, conseguimos reverter esse item do regimento na aprovação do mesmo, primeira etapa dos trabalhos da conferência. Esse ano o regimento prevê poder de voz e voto aos participantes, contudo os não-inscritos não têm poder a voz. Por quê? Qual a justificativa para negar a um cidadão, qualquer que seja, o direito de emitir sua opinião num espaço de construção de políticas públicas?

Sem memória

Outro ponto complicado é que entre os documentos de referência do evento, não está o relato da II Conferência Municipal de Cultura, realizada em 2009. Aliás, ele não está em nenhum lugar na internet, nem no site da FCC. Sorte que Yuki Dói, do Fórum de Dança de Curitiba, conseguiu uma cópia física como membro suplente do Conselho Municipal de Cultura, a qual escaneamos e disponibilizamos – http://issuu.com/soylocoporti/docs/conferencia_munic_2009_relatorio. Isso desvaloriza o trabalho da própria FCC, assim como o sentido da Conferência. Ou trata-se de um descuido imenso com a memória pública ou de fato não há interesse em dar continuidade, em aprofundar a construção coletiva.

Encontro preparatório

Em 2009, no processo de preparação da II Conferência, surgiu o Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná, que aglutina entidades não-governamentais em prol da democratização da cultura. O Movimento atuou na II Conferência, de modo a apresentar propostas elaboradas que representem pontos de vista que não os da FCC – sendo que um dos principais elementos do exercício da democracia é a manifestação da pluralidade e o confronto de ideias.

Por isso, convidamos a debater e elaborar propostas coletivas – com apenas 20 pessoas, a reunião já passa a ser considerada Conferência Livre, e assim poderemos enviar propostas diretamente para a Conferências Municipal. Participe!

Conferência Livre de Cultura de Curitiba

15/12 às 18h30 (2a chamada – 19h)
Rua Visconde de Nácar, 1388 conjunto 12

Realização:
Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná
Associação dos Compositores
Coletivo Soylocoporti
Fórum de Dança de Curitiba
Secretaria de Cultura PT-PR

Apoio: Membros dos Colegiados Setoriais e do CNPC de Música, Dança, Teatro, Culturas Populares, Artes Visuais e Literatura.

--

Michele Torinelli
http://miradas.soylocoporti.org.br/

http://www.flickr.com/photos/micheletorinelli/

Comunicação compartilhada no FSM 11

http://ciranda.net